Muitas histórias cercam aquele time do América de 2010. O memorável feito de subir de divisão e colocar o Amazonas novamente no mapa do futebol brasileiro era algo inimaginável no inicio daquele ano. O Mequinha despontava com um elenco que tinha custos baixíssimos, mandou todos os seus jogos da primeira fase no interior do Amazonas, sofria com problemas administrativos e vinha de uma campanha modesta no Campeonato Amazonense. Bom, não havia nenhuma motivação da torcida quando a Série D começou.
Mas aí foi dado à largada. O América estava no grupo 1 junto de: Remo, Cametá e Cristal. A classificação veio de forma sofrida, fora de casa e no último minuto. O meia Batista, de pênalti, garantiu a vitória de virada contra o Cristal do Amapá no estádio Augusto Antunes. Esse gol foi fundamental, pois o Cametá havia vencido o Remo e ido para os oito pontos, o que acabaria eliminando o time amazonense se não houvesse vencido.
CAMPANHA NA PRIMEIRA FASE
América 3x1 Cristal - Estádio: Francisco Garcia/ Público: 172
Cametá 3x3 América - Estádio: Parque do Bacurau/ Público: 927
América 1x1 Remo - Estádio: Francisco Garcia/ Público: 817
Remo 1x0 América - Estádio: Mangueirão/ Público: 5599
América 0x0 Cametá - Estádio: Francisco Garcia/ Público: 216
Cristal 1x2 América - Estádio: Augusto Antunes/ Público: 44
DE VOLTA À CAPITAL
FINALMENTE NOS BRAÇOS DA TORCIDA. Euforia? Não foi bem assim. Logo na primeira partida da equipe na segunda fase, o Mequinha levou menos de MIL pessoas para o estádio Roberto Simonsen, o nosso querido SESI. Mas dentro de campo a vitória foi de gente grande, por 3 a 1 e contra o Mixto do Mato Grosso que até aquele momento não sabia o que era perder na série D.
Na partida de volta sobrou emoção, precisando da vitória, o time da casa foi para cima. Em dado momento do jogo, O Mixto-MT encaminhava o seu triunfo em forma de goleada vencendo o América por 3 a 0, mas a equipe manauara soube segurar o ímpeto do adversário, reagiu e saiu do estádio Dutrinha com uma derrota por 4 a 2, o que classificou a equipe do técnico Sergio Duarte (atualmente técnico das meninas do Iranduba) para a terceira fase da série D pelos critérios de desempate, O FAMOSO GOL FORA DE CASA.
O SESI PULSA PELA PRIMEIRA VEZ
Depois dessa classificação, o América ''ganhou'' a simpatia dos torcedores da capital. Pela frente, o Mequinha teve outra vez uma equipe do Mato Grosso no caminho, o Vila Aurora-MT, time que eliminou na fase anterior um dos favoritos ao acesso, o Clube do Remo-PA.
Nas arquibancadas, 2.840 torcedores empurravam o Mequinha a todo momento com uma verdadeira sensação de caldeirão no estádio. Só para vocês terem uma ideia, o SESI comporta cerca de sete mil pessoas, então, quase TRÊS MIL é muita coisa para um campo tão acanhado e que definitivamente dar uma sensação ao torcedor de está dentro do campo.
Depois de um primeiro tempo sem emoções e com poucas chances de gol, o América voltou melhor para a etapa final e logo aos 12 minutos abriu o placar. Após bola alçada na área, Luis Carlos foi deslocado. Na cobrança do pênalti, Batista bateu com categoria e abriu o placar para delírio da enjoada torcida amazonense.
No restante do jogo, o América ficou no seu campo de defesa e usou dos contra-ataques para tentar chegar ao segundo gol. O Vila foi com tudo para cima, mas errava muito no último passe e não conseguia chegar.
DERROTA PARA O VILA E CLASSIFICAÇÃO NOS CRITÉRIOS
O América não cansou de dar ataques do coração nos seus torcedores e varios simpatizantes. Jogando no estádio Engenheiro Luthero Lopes, O Vila Aurora-MT não deu chances ao Mequinha e venceu por 3 a 0 com gols de Marcão (2x) e Raul.
O América começou o jogo mal e logo aos três minutos, Marcão abriu o placar com um chute de fora da área. Depois, o Vila recuou e deu campo para o Mequinha, que não conseguiu chegar com perigo ao gol do time da casa.
O resultado foi finalizado no segundo tempo, com Raul no primeiro minuto e Marcão aos 25. O atacante foi o nome do jogo. Ele foi escalado de última hora pelo técnico Carlos Rufino e foi decisivo.
Com sorte, os melhores entre os derrotados nessa fase também passavam, o que fez com que o nosso América conseguisse a vaga por ter melhor campanha que Sampaio Correa e Brasilia.
O CONFRONTO CONTRA O JOINVILLE-SC E O PRIMEIRO PASSO PARA A GLORIA
|
Foto: Alexandre Fonseca |
Era o grande momento, uma equipe do Amazonas estava a DOIS passos do tão sonhando acesso a série C do brasileirão. Era uma tarde de domingo, havia jogos do brasileirão da primeira divisão passando na TV - uma competição indigesta - mas que não impediu que quase 2 MIL PESSOAS fossem para o SESI ver o América contra o JEC.
A postura das duas equipes ficou clara logo no começo do jogo. O América partiu para cima do adversário, tentando pressionar, enquanto o Joinville apostava nos contra-ataques para surpreender. E, por duas vezes, em lance de velocidade, Pantico quase abriu o placar pelo JEC. Os lances arrancava suspiros dos torcedores, que em um dos seus repertórios, usava o tradicional canto da torcida do Internacional, a parodia da musica do Mamonas Assassinas, para quem estava no estádio naquela tarde sabe como era de se emocionar o ambiente.
Dando continuidade do que aconteceu dentro de campo, o América mostrou para o que veio aos 15 minutos. Após jogada pelo lado esquerdo, Rafael Tesser errou no posicionamento e Ivan acabou saindo cara-cara com Fabiano. O goleiro tentou impedir o gol, mas acabou cometendo pênalti. Na cobrança, Batista inaugurou o marcador.
Na segunda etapa, o Joinville voltou com uma postura diferente e conseguiu o empate logo no começo. Depois de cruzamento da esquerda de Paulinho Dias, Souza subiu mais que a defesa e testou para o fundo do gol.
Depois do gol, o JEC melhorou na partida e passou a atacar com perigo, porém com uma defesa pouco inspirada não conseguiu segurar o América nos contra-ataques. Aos 13 minutos, Edinho entrou como quis no meio da defesa e tocou de bico, na saída de Fabiano.
No final da partida cada equipe perdeu uma grande chance. Pelo lado do JEC, Éder perdeu grande chance, dentro da pequena área, depois de cruzamento de Rafael Tesser. Pelo lado manauara, Edinho passou por dois zagueiro e rolou para Nauê, que carimbou o travessão de Fabiano.
O JOGO DA GLORIA
Como não poderia deixar de ser, o Joinville-SC começou a partida pressionando o adversário, mantendo a posse de bola, mas sem conseguir transformar a superioridade em chances de gol. Eu preciso me expressar em primeira pessoa neste momento, pois é algo que vivi tão intensamente, que os lances desse jogo narrados no Radio de pilha que tinha na época, estão vivíssimos na minha memoria.
A superioridade do JEC só foi resultar em gol aos 21 minutos. Depois de falta cobrada por Marcelo Silva, a bola tocou no braço de Cleiton. Pênalti. Na cobrança, o homem das bolas paradas, Marcelinho foi para a bola e marcou. O gol inaugurou o placar eletrônico da Arena Joinville. Por alguns momentos me veio os últimos jogos em que o Mequinha havia jogado fora de casa e perdido por largas vantagens (Mixto-MT 4x2 e Vila Aurora-MT 3x0).
No final do primeiro tempo, A EMPOLGAÇÃO VOLTOU, o América conseguiu empatar o jogo. Aos 42 minutos, após tabela pelo lado direito, Luiz Carlos invadiu a área e chutou forte. A bola passou entre a trave e o goleiro Fabiano. Gol do América, gol que levava um time amazonense de volta a série C, era o gol mais gritado por uma só pessoa (eu) em uma rua que acompanhava o brasileirão da serie A na TV.
Segundo tempo
O que era vontade no primeiro tempo, se tornou desespero na segunda etapa. Com o resultado igual, que dava a vaga à Série C ao América, o time da casa se jogou ao ataque, mas não conseguia penetrar na defesa manauara.
O time da casa continuava com a superioridade na partida, mas nada que a equipe tentasse estava dando certo. A defesa do Mequinha, comandada pelo goleiro Nailson, inspirado, conseguiu se virar muito bem segurando o resultado.
O desespero da torcida do time catarinense e de todos os amazonenses que acompanhavam veio aos 45 minutos. Após boa trama do ataque do JEC, Éder lançou Pantico, que em posição irregular, segundo o assistente, tocou para o fundo do gol. O árbitro foi na do auxiliar e anulou o gol. Depois disto, não houve tempo para mais nada, só para comemoração do América. O AMAZONAS ESTAVA NA SÉRIE C DO CAMPEONATO BRASILEIRO.
CAMPANHA NO MATA-MATA
América 3x1 Mixto - Estádio: SESI/ Público: 762
Mixto 4x2 América - Estádio: Dutrinha/ Público: 2751
América 1x0 Vila Aurora - Estádio: SESI/ Público: 2840
Vila Aurora 3x0 América - Estádio: Engenheiros Luthero Lopes
América 2x1 Joinville - Estádio: SESI/ Público: 1689
Joinville 1x1 América - Estádio: Arena Joinville/ Público: 12688
América 1x2 Madureira - Estádio: Professor Dario Rodrigues Leite/ Público: 57
Madureira 0x2 América - Estádio: Edson Passos/ Público: 208
América 1x1 Guarany de Sobral - Estádio: Colosso de Tapajós/ Público: 668
Guarany de Sobral 4x1 América - Estádio: Junco/ Público: 7950
O BALDE DE AGUA FRIA E A PERDA DO ACESSO NO STJD
Depois de toda uma trajetória cheia de altos e baixos, superação, o vice campeonato e o acesso a Série C de 2011. O América sofreu no tribunal a sua maior derrota na temporada. No dia 9 de Dezembro de 2010, em uma quinta feira, o clube foi punido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com a perda de seis pontos e multa de R$ 300 pela escalação irregular de Amaral Capixaba na primeira partida contra o Joinville-SC, no dia 10 de outubro, pelas quartas de finais da Série D.
O X9 É DE MANAUS?
Corre um boato que algumas pessoas ligadas a Federação Amazonense de Futebol (FAF) é que teria entregado os documentos oficiais ao Joinville-SC que garantiam à irregularidade e assim à punição do América e a perda da vaga para a série C do brasileirão.
Mas... o Arena Baré não quer (CAUSAR), esse conto do vigário é só algo que dizem pelo submundo do esporte no Amazonas.